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TEORIA BIOCÊNTRICA E A RELAÇÃO DO HOMEM COM O CÓSMOS

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17-05-2017



Reflexões sobre sustentabilidade socioambiental

Eni Spode

Palavras geradoras: ambiente, filiação cósmica, vida, equilíbrio, cuidado, educação.

Os exemplos a seguir, mostram a permanente relação existente entre os sistemas viventes e os ritmos cósmicos. Mas existem muitos outros e alguns ressaltam a interferência direta do meio, sobre o nosso viver.

“A dança ou movimento das abelhas depende das linhas de força da gravidade, em interação com a inclinação dos raios solares”.

“O fototropismo das plantas, movimento que revela a atração que acontece entre planta e luz solar”.

“O deslocamento das tartarugas, que atravessam longínquas distâncias, nos mares, em busca de um lugar com clima (luz, temperatura, luminosidade, pressão, distância da água, etc.) apropriado para a desova e sobrevivência dos filhotes”.

“A exacerbação dos hormônios endócrinos, que atuam sobre a sexualidade dos animais, durante a primavera”.

“O amanhecer, por exemplo, provoca mudanças biológicas básicas no corpo humano. À medida que o sol se levanta e nós acordamos, aumenta a freqüência cardíaca, a pressão arterial e a temperatura corporal. O fígado, os rins e muitos processos naturais também começam a mudar sua marcha lenta para um ritmo mais acelerado. Quando a luz do dia diminui e a escuridão desce, estes processos igualmente começam a diminuir, voltando a seus níveis mais baixos “.

Assim, Os ciclos fazem parte da vida, em todas as esferas e contribuem para o desenvolvimento e a sustentabilidade da mesma. Tudo o que existe no mundo se altera, seja pela ação das forças naturais ou pela intervenção direta do homem.

Desde o seu aparecimento como espécie inteligente, o ser humano interfere sistematicamente no ambiente. Faz alterações necessárias e desnecessárias para sua sobrevivência.

Segundo Aristóteles: “Há um limite para o tamanho das nações, assim como há um limite para outras coisas, plantas, animais, instrumentos: pois nenhuma delas retém seu poder natural quando é muito grande ou muito pequena; ao contrário, ou perde integralmente sua natureza ou se deteriora”.

O grande Sábio nos mostra que na sua distante época, já havia uma visão cósmica, sobre o problema do crescimento populacional e da ação humana sobre o espaço por ela ocupado.

Com o passar do tempo, a percepção de totalidade foi enfraquecendo, mas persiste, por que é assim o mundo se estrutura. A visão ecocêntrica vinda dos gregos, que pode ser definida como o “homem centrado em sua casa”, ou seja, o homem centrado ao “todo”, tendo o planeta como sua morada, permitindo o surgimento de relações de apreço entre tudo o que ali existe dá lugar a percepção Biocêntrica que considera a relação de interdependência existente no universo. Assim, é possível entender melhor a atuação humana e sua responsabilidade para com os demais componentes ambientais.

As transformações acontecem continuamente, embora as estrelas do céu ainda nos pareçam imutáveis, sabemos que elas também evoluem. As estrelas nascem, desenvolvem-se e depois morrem. Elas nascem de gigantescas nuvens de gás e poeira denominadas nebulosas, que chegam a atingir anos-luz de extensão. A partir da condensação da matéria no interior das nebulosas, é que se formam as estrelas. Quando estas adquirem determinada quantidade de massa, a pressão no núcleo estelar fica tão grande que desencadeia reações de fusão nuclear, que fornecem energia para as estrelas.

E os componentes químicos de uma estrela, são também componentes do ambiente terrestre e em especial do corpo dos seres vivos. Considerando a história do universo, nos damos conta que carregamos conosco todo o cosmos, de uma maneira muito singular.

Existe uma solidariedade profunda na natureza, ainda que sejamos diferentes, por causa da consciência e da cultura. Mas, mesmo sendo diferentes, todos somos filhos do sol. O verdadeiro problema não consiste em nos reduzirmos ao estado da natureza, mas de não nos separarmos do estado natural (Edgar Morin,).

Os elementos formadores dos seres vivos não passam de 20, mas eles geram grande quantidade de compostos devido ao alto poder de combinação. Dos 107 elementos representados na tabela periódica, somente 22 estão presentes na maioria dos seres vivos e destes, apenas 16 estão presentes em todos os seres vivos. C, H, O, N representam 99,25%do total e formam as principais moléculas orgânicas.

Tudo o que nos rodeia, e nós próprios, somos formados por elementos químicos. Cada elemento se formou durante a vida e a morte de uma estrela.

O carbono da nossa pele ou o cálcio dos nossos ossos foi fabricado também no núcleo de antigas estrelas. Somos “Pó das estrelas”.

Se a inteligência humana puder compreender em parte o enigma do universo, quer dizer que a inteligência cósmica é da mesma essência da inteligência humana (Toro, Rolando).

A vida se cria e recria permanentemente através de inúmeros acontecimentos biogeoquímicos interligados que atingem a tudo e a todos, no universo.

O ser humano está inserido nesse processo, impactando e sendo impactado a todo o instante. Viver e entender esse dinamismo torna-se essencial para a vivência ecológica.

Assim, a Ecologia não deve ser vista só como uma Ciência, mas como modo de ser no mundo, que se desvencilha do antropocentrismo e adota o paradigma BIOCÊNTRICO como norteador das ações humanas em todas as instâncias, reconhecendo cada ser vivo, como um ser diferente e semelhante que compõe uma cadeia interdependente de vida. Esse é o ponto de ligação da Ecologia Profunda com a prática biocêntrica.

Outro termo que está em evidência atualmente é “Ecologia Integral”, que o Papa Francisco define como “o respeito à vida incondicionalmente, respeito ao modo de agir e às nossas reflexões”.

Esta é citada como a “4ª Ecologia” e parte de uma percepção externada pelos astronautas, a partir dos anos 60, que entende terra e ser humano, como uma única entidade. O ser humano é a própria Terra, enquanto sente, chora, pensa, ama, chora,...

Desde o seu aparecimento como espécie inteligente, o ser humano interfere sistematicamente no ambiente. Faz alterações necessárias e desnecessárias para sua sobrevivência.

Segundo Aristóteles: “Há um limite para o tamanho das nações, assim como há um limite para outras coisas, plantas, animais, instrumentos: pois nenhuma delas retém seu poder natural quando é muito grande ou muito pequeno; ao contrário, ou perde integralmente sua natureza ou se deteriora”.

O grande Sábio nos mostra que na sua distante época, já havia uma visão cósmica do problema do crescimento populacional e da ação humana sobre o espaço por ela ocupado.

Com o passar do tempo, a percepção de totalidade foi enfraquecendo, mas persiste, por que é assim o mundo se estrutura.

Leonardo Boff diz: ”A galáxia mais distante, se encontra sob ação de energias primordiais, bem como a formiga que caminha sobre a minha mesa ou os neurônios do cérebro humano, com os quais faço estas reflexões. Tudo se mantém religado num equilíbrio dinâmico, aberto, passando pelo caos que é sempre generativo, pois propicia um novo equilíbrio mais alto e complexo, desembocando numa nova ordem, rica de novas possibilidades” (Boff, L.Uma cosmovisão ecológica. pág. 63, Ed Ática).

Em síntese, Boff nos mostra com clareza a inter-relação dinâmica, geradora de vida, a que o universo está submetida e conseqüentemente nós, seres humanos também.

Rolando Toro propõe “que a vida está no centro de todos os componentes do Universo e não em um sistema estelar centralizado com saber absoluto. Sua essência aprece na consciência ética do homem como um fenômeno evolutivo natural” ( Toro,R.A. El Principio Biocêntrico. Pág. 16t).

A unicidade do Universo faz da VIDA, um fenômeno SAGRADO, ao qual devemos respeito em todos os instantes e instâncias. A EMPATIA corresponde ao amor infinito que é forjado nas entranhas do homem e se manifesta dia após dia, através de gestos cotidianos, simples e deflagradores de ecofatores que ampliam a cadeia amorosa.

Assim, o ambiente corresponde a tudo o que forma esse amplo Universo, ou a parte considerada, no momento, que contém o todo em si.

As relações humanas e os demais elementos formadores do ambiente (terra, plantas, água. ar, animais, energia, inclusive o próprio resíduo gerado nas relações, etc.) são recursos que deve servir de caminho para ampliar e fortalecer a ligação afetiva do homem x ambiente, formadora da unidade cósmica.

Assim, educador biocêntrico vivencia diariamente o desafio de construir uma conduta ética e pensamento crítico, complexo e reflexivo através da convivência com os demais integrantes do meio para romper com a separação homem x natureza, que faz de conta que nossa espécie é melhor que outras. É dever nosso, vivenciar relações saudáveis, para oportunizar saúde ao ambiente. Um ambiente saudável é um ambiente gerador de saúde a todos os seus componentes, o que se reverte em sustentabilidade.



Referencias bibliográficas:

BOFF, LEONARDO.Uma visão cosmológica: a narrativa atual em Ecologia. Ed. ática, S.P.1995.

BRANDÃO, Zaia (Org.). A Crise dos Paradigmas e a Educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 1994

CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. São Paulo – SP: Editora Cultrix, 1982

CREMA, Roberto. Visão Holística em Psicologia e Educação. São Paulo – SP: Summus, 1991.

DE DUVE. POEIRA VITAL.A vida como imperativo cósmico.Ed. Campos,Rio de Janeiro, 1997.

FLORES, Feliciano, E. V. (Org). Educação Biocêntrica: aprendizagem visceral e integração afetiva. Porto Alegre: Evangraf, 2006.

GADOTTI.. Pedagogia da Terra. Ed. Fundação Peirópolis, S. P. , 2001.

JACOB, FRANÇOIS. A Lógica da Vida- Uma história da hereditariedade. Ediçoes Cnnel, 1983.

SANTOS, ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO Programa Ambiental: A Última Arca de Noé (www.aultimaarcadenoe.com.br.

TORO, R.A. LA INTELIGENCIA AFECTIVA. La unidad de la mente com el universo. Chile: Editorial Cuarto Propio, 2012.

TORO,R.A. El Principio Biocêntrico. Editorial Quartoproprio.Santiago. 2014.

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